sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Mistério da Cruz,Entre o Sagrado e o Profano - Rubens Saraceni - Livro:Lendas da Criação.


 Mistério da Cruz, entre o Sagrado e o Profano!
Jornal de Umbanda Sagrada 
Muito mais que um jornal... A Abertura dos Mistérios de Umbanda!!!

O Mistério da Cruz, entre o Sagrado e o Profano!

Por Rubens Saraceni

Conta uma outra lenda que esse gesto de cruzar o solo ou a si mesmo só foi adotado pelos cristãos quando um "padre" romano, atiçado pela curiosidade, perguntou a um serviçal de sua igreja o porque dele cruzar o solo antes de entrar nela para limpá-la ... e o mesmo fazia ao sair dela.

O serviçal, um negro já idoso que havia sido libertado pelo seu amo romano quando já não podia carregar os seus pesados sacos de pedras ornamentais, e que andava arqueado por causa de sua coluna vertebral ter se curvado de tanto peso que ele havia carregado desde jovem, ajoelhou-se, cruzou o solo diante dos pés do padre romano e, aí falou:

- Agora já posso contar-lhe o significado do sinal da cruz, amo padre!

- Por que, só após cruzar o solo diante dos meus pés, você pode revelar-me o significado do sinal da cruz, meu negro velho?

- É porque eu vou falar de um gesto sagrado, meu amo. Só após cruzarmos o solo diante de alguém e pedirmos licença ao seu lado sagrado, esse lado se abre para ouvir o que temos a dizer-lhe.

- Se você não cruzar o solo diante dos meus pés o seu lado sagrado não fala com o meu? É isso, meu negro velho e cansado?

- É isso sim, meu amo. Tudo o que falamos, ou falamos para o lado profano ou para o lado sagrado dos outros com quem conversamos! Como o senhor quer saber o significado do sinal da cruz usado por nós, os negros trazidos desde a África para trabalharmos como escravos aqui em Roma e, porque ele é um sinal sagrado, seu significado só pode ser revelado ao lado oculto e sagrado de seu espírito. Por isso eu cruzei o solo diante dos seus pés, pedi ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem entre os lados ocultos e sagrados dos nossos espíritos senão o senhor não entenderá o significado e a importância dos cruzamentos... e das passagens.

O padre romano, ouvindo as palavras sensatas daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar os fardos de pedras ornamentais com as quais eles, os romanos, enfeitavam as fachadas e os jardins de suas mansões, sentiu que não estava diante de uma pessoa comum, mas sim diante de um sábio amadurecido no tempo e no trabalho árduo de carregar fardos alheios.

Então o padre romano convidou o preto, velho e cansado, a acompanhá-lo até sua sala particular localizada atrás da sacristia.

Já dentro dela, o padre sentou-se na sua cadeira de encosto alto e confortável e indicou um banquinho de madeira para que aquele preto velho se sentasse e lhe contasse o significado do sinal da cruz.

O velho negro, antes de sentar-se, cruzou o banquinho e isto também despertou a curiosidade de empertigado padre romano, sentado em sua cadeira mais parecida com um trono, de tão trabalhada que ela era.

- Por que você cruzou esse banquinho antes de se assentar nele, meu preto velho?

- Meu senhor, eu só tenho essa bengala para apoiar meu corpo arqueado. Então, se vou sentar-me um pouco, eu cruzei esse banquinho e pedi licença ao meu pai Obaluaiyê para assentar-me no lado sagrado dele. Só assim o peso dos fardos que já carreguei não me incomodará e poderei falar mais à vontade pois, se nos assentamos no lado sagrado das coisas deixamos de sentir os "pesos" do lado profano de nossa vida.

O padre romano, de uma inteligência e raciocínio incomum, mais uma vez viu que não estava diante de uma pessoa comum, e sim, diante de um sábio que, ainda que não falasse bem o latim, (a língua falada pelos romanos daquele tempo), no entanto falava coisa que nem os mais sábios dos romanos conheciam.

O velho preto, após assentar-se, apoiou a mão esquerda no cabo da sua bengala e com a direita estralou os dedos no ar por quatro vezes, em cruz e aquilo intrigou o padre romano, que perguntou-lhe:

- Meu velho preto, porque você estralou os dedos quatro vezes, cruzando o ar?

- Meu senhor, eu cruzei o ar, pedindo ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem nele para que minhas palavras cheguem até os seus ouvidos através do lado sagrado dele senão elas não chegarão ao lado sagrado de seu espírito e não entenderás o real significado delas ao revelar-lhe um dos mistérios do meu pai.

- Então tudo tem dois lados, meu preto velho?

- Tem sim, meu senhor.

- Porque você, agora, já sentado e bem acomodado, fala mais baixo que antes, quando estava apoiado sobre sua bengala?

- Meu senhor, quando nos assentamos no lado sagrado das coisas, aquietamos nosso espírito e só falamos em voz baixa para não incomodarmos o lado sagrado delas.

- Entendo, meu velho. - murmurou o padre romano, curvando-se para melhor ouvir as palavras daquele preto velho. Conte-me o significado do sinal da cruz!

E o preto velho começou a falar, falar e falar. E tanto falou sobre o mistério do cruzamento que aquele padre (que era o chefe da igreja de Roma naquele tempo quando os papas ainda não eram chamados de papa) começou a entender o significado sagrado do sinal da cruz e começou a pensar em como adaptá-lo e aplicá-lo aos cristãos de então.

Como era um mistério do povo daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar fardos de pedras ornamentais alheias, então pôs sua mente arguta e agilíssima para raciocinar.

E o padre romano pensou, pensou e pensou! E tanto pensou que criou a lenda dos três reis magos, onde um era negro, em homenagem ao sábio preto velho que, falando-lhe desde seu lado sagrado e interior, havia lhe aberto a existência do lado sagrado das coisas; o da existência de passagens entre esses dois lados, etc.

Enquanto ouvia e sua mente pensava, a cada revelação do preto, já velho e cansado, seus olhos enchiam-se de lágrimas e mais e mais ele se achegava chegando um momento em que ele se assentou no solo à frente do preto velho para melhor ouvi-lo, pois não queria perder nenhuma das palavras dele.

E aquele padre, que era o chefe de todos os padres romanos, diariamente ouvia por horas e horas o preto velho, e depois que o dispensava, recolhia-se à sua biblioteca e começava a escrever os mistérios que lhe haviam sido revelados.

Aos poucos estava reescrevendo o cristianismo e dando-lhe fundamentos sagrados.

- Ele escreveu a lenda dos três reis magos, onde um dos magos era um negro muito sábio.

- Ele mudou o formato da cruz em X onde Cristo havia sido crucificado e deu a ela a sua forma atual, que é uma coluna vertical e um travessão horizontal.

- Também determinou que em todos os túmulos cristãos deveria haver uma cruz, que é o sinal da passagem de um plano para o outro, segundo aquele preto velho.

- "Ele criou a figura de Lázaro, cheio de chagas, para adaptar o orixá da varíola ao cristianismo. Na verdade, ele criou o sincretismo cristão, e dali em diante muitos outros "padres de todos os padres", uma espécie de "cappo de tutti capos", (os papas) começaram a adaptar os mistérios de muitos povos ao cristianismo, fundamentando a crença dos muitos seguidores de então da doutrina humanista criado por Jesus. E criaram concílios para oficializá-los e torná-los dogmas.

Poderíamos falar de muitos dos mistérios alheios que os padres romanos adaptaram ao cristianismo. Mas agora, vamos falar somente dos significados do mistério da cruz e dos cruzamentos, ensinados àquele padre por um preto velho.

1º) O ato de fazer o sinal da cruz em si mesmo tem esses significados.

a) Abre o nosso lado sagrado ou interior para, ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e a Deus através do lado sagrado ou interno da criação.

Essa forma é a da oração silenciosa ou feita em voz baixa. Afinal, quando estamos no lado sagrado e interno dela, não precisamos gritar ou falar alto para sermos ouvidos.

Só fala alto ou grita para se fazer ouvir quem se encontra do lado de fora ou profano da criação. Esses são os excluídos ou os que não conhecem os mistérios ocultos da criação e só sabem se dirigir a Deus de forma profana, aos gritos e clamores altíssimos.

b) Ao fazermos o sinal da cruz diante das divindades, estamos abrindo o nosso lado sagrado para que não se percam as vibrações divinas que elas nos enviam quando nos aproximamos e ficamos diante delas em postura de respeito e reverência.

c) Ao fazermos o sinal da cruz diante de uma situação perigosa ou de algo sobrenatural e terrível, estamos fechando as passagens de acesso ao nosso lado interior, evitando que eles entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossa vida.

d) Ao cruzarmos o ar, ou estamos abrindo uma passagem nele para que, através dela, o nosso lado sagrado envie suas vibrações ao lado sagrado da pessoa à nossa frente, ou ao local que estamos abençoando (cruzando).

e) Ao cruzarmos os solo diante dos pés de alguém, estamos abrindo uma passagem para o lado sagrado dela.

f) Ao cruzarmos uma pessoa, estamos abrindo uma passagem nela para que seu lado sagrado exteriorize-se diante dela e passe a protegê-la.

g) Ao cruzarmos um objeto, estamos abrindo uma passagem para o interior oculto e sagrado dele para que ele, através desse lado seja um portal sagrado que tanto absorverá vibrações negativas como irradiará vibrações positivas.

h) Ao cruzarmos o solo de um santuário, estamos abrindo uma passagem para entrarmos nele através do seu lado sagrado e oculto, pois se entrarmos sem cruzá-lo na entrada, estaremos entrando nele pelo seu lado profano e exterior.

i) Ao cruzarmos algo (uma pessoa, o solo, o ar, etc.) devemos dizer estas palavras: - Eu saúdo o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda e peço-lhe em nome do meu pai Obaluaiyê que abra o seu lado sagrado para mim.

Outras coisas aquele ex-escravo dos romanos de então ensinou àquele padre de todos os padres, que era altivo e empertigado, mas que gostava de sentar-se no solo diante daquele sábio preto, já velho e muito cansado. Era um tempo que os políticos politiqueiros romanos estavam de olho no numeroso grupo de seguidores do cristianismo e se esmeravam em conceder aos seus bispos e pastores, (digo padres) certas vantagens em troca dos votos deles que os elegeriam.

Também era um tempo em que era moda aqueles bispos e pastores (digo padres), colocarem nos púlpitos pessoas que davam fortes testemunhos, ainda que falsos ou inventados na hora para enganar os trouxas já existentes naquele tempo em Roma, tanto na plebe como nas classes mais abastadas.

E olhem que havia muitos patriciosinhos e patricinhas (digo, patrícios e patrícias) com grande peso na consciência que acreditavam no 171 (digo discursos) daqueles ávidos padres romanos, que prometiam-lhes um lugar no paraíso assim que se convertessem ao cristianismo!

Mas os padres daquele tempo pensavam em tudo e espalharam que quem fizesse grandes doações à igreja seria recompensado com uma ampla e luxuosa morada, um palacete mesmo, no céu e bem próximo, quase vizinho de onde Jesus vivia.

A coisa estava indo bem mas, havia espaço para melhorar mais ainda a situação da igreja romana daquele tempos e alguns padres, versados no grego, se apossaram do termo "católico" que significava "universal" e universalizaram suas praticas de mercadores da fé.

Como estavam se apossando de mistérios alheios um atrás do outro e começaram a ser chamados de plagiadores, então fizeram um acordo com um imperador muito esperto mas, que estava com seus cofres desfalcados, à beira da bancarrota (digo, deposição), acordo esse que consistia em acabar com as outras religiões.

No acordo, o imperador ficava com os bens delas (tesouros acumulados em séculos, propriedades agrárias e imóveis bem localizados) e os padres de então ficariam com todos os que se convertessem e começassem a pagar um dízimo estipulado por eles.

O acordo era vantajoso para ambos os lados envolvidos e aqueles padres de então, para provar ao imperador suas boas intenções, até o elegeram chefe geral da quadrilha (digo, hierarquia), criada recentemente por eles, desde que editasse um decreto sacramentando a questão dos dízimos cobrados por eles.

Outra exigência daqueles pastores (digo padres) de então foi a de estarem isentos na declaração dos bens das suas igrejas.

Também exigiram primazia na concessão de arautos (as televisões de então) pois sabiam que estariam com uma vantagem imensa em relação aos seus concorrentes religiosos de então.

O imperador começou a achar que o acordo não era tão vantajoso como havia parecido no começo mas, os pastores (digo, os padres) daquele época, começaram a fazer a cabeça da esposa dele, que era uma tremenda de uma putana (digo, dama da alta sociedade), que estava se dando muito bem na sua nova religião, pois aquele padres haviam criado um tal de confessionário que caíra como uma luva para ela e outras fornicadoras insaciáveis (digo, damas ilustres) que pecavam a semana toda mas no domingo, logo cedo, iam se confessar com um padre que elas não viam o rosto, mas que era bem condescendente pois as perdoavam em troca delas rezarem umas orações curtas, fáceis de serem decoradas.

No domingo ajeitavam a consciência e na segunda, já perdoadas, voltavam com a corda toda às suas estripulias intramuros palacianos.

O acordo foi selado e sacramentado, e aí foi um salve-se quem puder no seio das outras religiões. E não foram poucos os que rapidinho renunciaram à antiga forma de professar suas fezes (digo, fé, no singular, mesmo!) pois viram como a grana corria à solta para as mãos (digo, cofres) daqueles padres de então, pois eles eram muito criativos e a cada dia tinham um culto específico para cada algum dos males universais, comuns a todos os povos, épocas e pessoas.

Aqueles pastores (digo, padres) de então estavam com "tudo": A grana que arrecadavam, parte reinvestiam criando novos pontos de arrecadação (digo, novas igrejas) e parte usavam em benefício próprio, comprando mansões e carrões (digo, carruagens) que exibiam com ares de triunfo, alegando que era a sua conversão ao cristianismo que havia tornando-os prósperos e bem sucedidos na vida.

Eles criaram uma tal de teologia da prosperidade para justificar seus enriquecimentos rápidos e à custa da exploração da ingenuidade dos seus seguidores de então, que davam-lhes dízimos e mais dízimos e ainda sorriam felizes com suas novas fezes (digo, fé no singular).

Tudo isso aconteceu no curto espaço de uns vinte e poucos anos e começou depois da segunda metade do século IV d.C.

Por incrível que pareça, aquele preto velho, muito cansado de tanto carregar sacos de pedras alheias, viveu tempo suficiente para ver tudo isso acontecer.

E tudo o que aquele padre de todos os padres havia lhe dito que faria com tudo o que tinha aprendido com ele, aconteceu ao contrário.

O tal pastor (digo, padre), já auto-eleito bispo, usou o que havia aprendido com o preto, mas segundo seus interesses de então, (digo, daquela época).

Batizava com uma caríssima água trazida direto do rio Jordão (mas que seus asseclas colhiam na calada da noite das torneiras da Sabesp, digo, das bicas da adutora pública).

Vendiam um tal de óleo santo feito de azeitonas colhidas dos pés de oliva existentes no Monte das Oliveiras (mas um assecla foi visto vendendo a um "reciclador" barricas de um óleo que, de azeitonas, só tinha o cheiro).

E isso, sem falas nas réplicas miniaturizadas da arca da aliança feitas de papiro; nas réplicas das trombetas de Jericó; num tal de sal grosso vindo direto do Mar Morto, mas que algumas testemunhas ocultas juraram que era sal grosso de um fabricante de sal para churrasco.

Foram tantas as coisas que aquele velho preto cansado e curvado havia ensinado àquele jovem e empertigado pastor (digo, padre) e que ele não só não usou em benefício dos outros, como os usou em benefício próprio, que o preto já velho, muito velho falou para si mesmo: "Me perdoa, meu pai Obaluaiyê, mas eu não revelei àquele padre (digo, pastor, isto é, àquele bispo) o que acontece com quem inverte os seus mistérios ou os usa em benefício próprio: que eles, ao desencarnarem, têm seus espíritos transformados em horrendas cobras negras!"

Obaluaiyê, ao ouvir o último lamento daquele preto, velho e curvado de tanto carregar sacos de pedras alheias, e cansado e desiludido por ensinar o bem e ver seus ouvintes inverterem tudo o que ouviam em benefício próprio, acolheu em seus braços o espírito curvado dele, endireitou-o, acariciou-lhe o rosto e falou-lhe bem baixinho no ouvido: "Meu filho, alegre-se pois ele só andará na terra o tempo necessário para tirar dos cultos dos orixás os que não aprenderam a curvar-se diante dos Senhores dos Mistérios mas que acham-se no direito de se servirem deles. Mas, assim que ele fizer isso, deixará essa terra e voltará a rastejar nas sombras das trevas mais profundas, que é de onde ele veio para recolher de volta para elas os espíritos que Jesus trouxe consigo após sua descida às trevas. Bem que eu alertei o jovem e amoroso Jesus sobre o perigo de usar do meu Mistério da Cruz para abrir passagens nas trevas humanas! Afinal, quem abre passagens nas trevas com meu mistério da cruz, liberta o que nele existe, não é mesmo, meu velho e sábio preto?

"É sim, meu divino pai Obaluaiyê!" disse o preto velho.

RELATO DE UM DROGADO - PSICOGRAFADO POR GÉRO MAITA.



Não sou um personagem importante da história, somente mais um que se perdeu nas ilusões transitórias do vício que vai corroendo nossa vida, nossa família, nossos sonhos aos poucos. Permitam somente me apresentar como “ Aurélio “ nome que não me pertence, pois quero preservar minha família do desgosto que causei a eles e principalmente a mim mesmo. Escrevo hoje pelas mãos de meu professor que me auxilia na composição desta mensagem no intuito de com o meu exemplo que queda moral e humana despertar o coração daqueles que transitam pelo caminho das drogas. Como todo jovem normal, nasci em uma família abastada pelo dinheiro, desde cedo não conheci como muitos a dor de “querer e não ter”, pois meus pais na sede de demonstrarem seu amor acreditavam que mimos, presentes em outras palavras dinheiro construísse a felicidade que deve ser formada em cada lar a custa de diálogo e amor. Tive uma infância paparicada, as melhores escolas, os melhores professores, ia a eventos em casa de amigos de meus pais, onde o luxo sempre imperava, não tinha noção de que fora daqueles locais muitas almas sofriam o drama da fome, da moradia e do desprezo que a riqueza mal administrada cria com o separatismo social. Cresci e cresceu dentro de mim, uma postura piega, fria onde a revolta sem causa tomava conta de meu ser, mal eu sabia que já ali aos meus 13 anos de idade andava as voltas com meus inimigos de outras épocas que vinham hoje na condição de cobradores de minhas faltas passadas para com os mesmos. No lar, não havia diálogo fraterno em minha família, o dinheiro ou a ganância as vezes não somente cegam como tornam as pessoas frias alimentando um ostracismo e o dialogo não existia em meu lar, onde mais se vislumbrava uma família de aparências do que um lar abençoado por Deus. Querendo fugir de tudo isso, procurar uma respostas para uma ansiedade sem causa que sentia pulsar dentro do meu coração exatamente aos 14 anos fui guiado a um dos “guetos” onde o tráfico de ilusões através das drogas é vendido e ali tive meu primeiro contato com a maconha, mas sabendo que aquele seria o começo de um suplício em minha vida. A sensação da famosa “viagem” era um misto de sono, ilusão mental e inúmeras sensações onde eu ainda jovem tinha a impressão de que andava lado a lado ao meu corpo. O tempo foi passando, minha vida desregrando, primeiro o abandono nos estudos, depois as faltas na escola para comprar drogas e curtir um barato, já me encontrava as portas de uma faculdade, atrasado em minha jornada estudantil, queria ser médico, dava “status” na época estudar em uma faculdade de medicina e ai me reporto ao ano de 1977, mas meus inimigos ocultos tinham outros planos para mim. Nesta época a maconha já não fazia tanto efeito, veio o álcool e logo conheci a cocaína, ali começava minha queda abismal ao reino das trevas e do sofrimento. Meus pais tardiamente me deram a atenção que eu necessitava, devido ao farrapo humano que me transformei, digo tardiamente pois neste período já em 1981 eu me encontrava com a mente envolta pelas idéias difundidas dos meu perseguidores e isso me levou a ter minha mesada mensal cortada pelo meu pai e a me conduzir por outro caminho obscuro, o roubo. Vendi meus pertences, realizei pequenos furtos em minha residência pois precisava alimentar aquela sede de drogas, de êxtase, de ilusão que vivia quando drogado. No transe causado pela droga ouvia vozes que hora pareciam me acusa, hora me apoiavam e soava algo sarcástico me induzindo a cada vez mais consumir, consumir e consumir sem notar que era conduzido para o esgotamento moral e físico ou se preferirem a morte. Em uma noite em traficante me vendeu a cocaína de sempre, mas notei que a coloração da mesma estava alterada, mas em raciocínio usei a droga da morte e em instantes a sensação era diferente. Senti meu corpo inteiro tremer, não dominava a força dos meus músculos fracos e franzinos traduzindo a condição de farrapo humano, minha língua enrolara na boca e uma tontura me levou a uma queda, já no chão vi várias pessoas a minha volta em condições piores que a minha sorrindo e caçoando da minha aparência, naquele momento eu entrava em contato visual com aqueles que me esperavam sempre do outro lado da vida, lado esse que eu ignorava e julgava fábula ou religiosismo. Naquela noite se encerrava minha vida na carne, mas meu sofrimento somente começava. De súbito cai em sono profundo, mas minha mente ficava ligada como que se eu passa-se por um pequeno sono e logo me vi acordado por um ou algo que se assemelhasse a um trovão. Acordado e aterrorizado sentia agora os sintomas da droga em meu corpo, sangravam as vias respiratórias, minha cabeça parecia que explodia de minuto a minuto, meu corpo morria, mas eu estava vivo e a minha frente um grupo de espíritos sombrios e aterrorizantes pelas suas formas iniciavam meu julgamento, se não conhecia posso lhes dizer que ali julgava eu estar nos portais do inferno pagão. Fui julgado, maltratado, rebaixado, sofri flagelos horríveis e experimentei o misto da dor, do desprezo e conheci a miséria moral que me encontrava. Um viciado nunca pensa no depois, somente quer viver o momento em sua vida, o barato é legal ao menos na cabeça de um doente que é o que somos e dificilmente aceitamos esta condição para receber o auxilio e tratamento convenientemente. Não sei relatar quanto tempo sofri naquela região escura, fria, pútrida onde somente se encontrava dor e visões de monstros mitológicos. Eu estava no “VALE DOS DROGADOS” , onde são levados pela afinidade moral todos aqueles que desencarnam por este motivo. Um dia pela misericórdia divina, mãos amigas me socorreram, amigos que militam no lado escuro da vida para em nome da caridade divina nos socorrer. No estado em que me encontrava era impossível de se movimentar tamanho os traumas e sofrimentos que passei ficando ali abandonado pelos meus perseguidores em meio a lama e o mal cheiro. Viajei não sei quanto tempo, os socorristas vinham como enfermeiros antigos amparados por “guardas” que impediam a turba de espíritos desequilibrados como eu de atacarem o pequeno comboio que se formava com os RESGATADOS. Fiquei durante algum tempo em um posto de serviço onde amável senhora lembrando as escravas da senzala, nos alimentava com caldo reconfortante e sempre nos contava uma das histórias que nos envolviam com amor e esperança de uma nova vida que eu desconhecia até então. O tempo passou, recuperei minha alegria de querer viver, fui conduzido a um hospital escola, onde podia da janela do meu quarto ver e sentir o perfume dos Girassóis. 
Vieram as lições do evangelho, os tratamentos que ainda me encontro e hoje em atitude de misericórdia amparado por um de meus professores a oportunidade de lhes alertar o caminho de dor que as drogas constroem. 
Vejo todos os dias jovens, adultos, idosos desencarnando e chegando do lado de cá em condições deploráveis devido a inúmeras faltas cometidas desde o seio da família até a fuga de nossas responsabilidades morais. 
Meus irmãos se assim posso chama-los sou e conheci a condição de réprobo, mas tive a oportunidade de me renovar, confesso que poderia ter sido menos dolorosa minha trajetória mas eu usei de meu livre arbítrio. 
O desejo deste texto é somente alertar pais e filhos da responsabilidade que é a bênção da família, de que temos todos os dias a porta larga ou a estreita para seguir. A vida é uma escolha diária e temos que ter os pés no chão para sabermos qual o caminho que iremos seguir. 
Eu trouxe meu exemplo de queda para auxiliar o despertar de muitos que ainda como eu não se aperceberam da armadilha que estão sendo conduzidos. Com o auxilio dos amigos que conheci neste plano de luz estou aprendendo e muito com o evangelho de Jesus e posso lhes afirmar, careta é quem ainda não aprendeu a pratica-lo em suas vidas. 
Haverá novas oportunidades de contato por enquanto fica meu desejo de luz nos corações de todos que se ligaram ao mundo das drogas.
AURÉLIO 
Psicografado por GÉRO MAITA